Ano passado na edição de Maio, mudamos o projeto gráfico e uma das coisas novas a estudarmos era a maneira como lidaríamos com imagens.
Sim, porque ao transformamos o visual da revista, passamos a usar fotos maiores e mais estouradas, porém numa quantidade menor (senão ficaria uma loucura dadaísta, imagine). O ponto alto desse nosso projeto é uma simplificação das informações, para uma leitura mais, digamos, dinâmica.
Uma das matérias dessa edição que eu mais gostei de produzir foi a do texto do indefectível
Dagomir Marquezi, que pescou letras das músicas dos Beatles e extraiu grandes lições:
O que eles tem a nos ensinar sobre viver melhor foi uma delícia de fazer.
Eu estava ausente no dia que o texto chegou (tirei o siso e fiquei em casa inchadona sonhando com a matéria) e nosso diretor de redação, que foi o jornalista responsável por editar a matéria também, primeiramente havia cogitado algo psicodélico e letras no estilo
"Magical Mystery Tour".
Boa referência. No entanto, o novo projeto que estávamos implantando talvez precisasse de outro tratamento, valorizando as novas famílias tipográficas, lapidárias e sequinhas. Ai pensei com meus botões:
"vamos decodificar as criações, o que se passava na cabeça dos cabeludinhos, né? E esse, fizessemos uma lobotomia nos mop-tops?"
Eu – que sou pouco beatlemaniaca – resolvi procurar o icônico ensaio de 1964 que
Norman Parkinson (fotógrado inglês de moda) fez dos cabras.
E achei a imagem do abre de matéria! Todos olhando para cima, olha que fantástico.
Para a continuação, usamos como inspiração o álbum Revolver. Pedi para o ilustrador Mauro Nakata desenhar os músicos – apenas linhas – em cima de uma foto que enviei. Na sequência, recortei e trabalhei com desenhos vetoriais que fui criando e com fotos de época do banco de imagem da editora.
A fotomontagem faz a alusão que queríamos e tenta chamar a coisa do humor inglês espirituoso do grupo, essa coisa gostosa do absurdo 60s, meio Monty Phyton, que tem tudo a ver com os Fab 4 (ao lado).
Coloquei a fotomontagem na mesma altura da tarja do abre: assim, o leitor abre a matéria e tem a impressão de observar dentro das quatro mentes liverpooldianas.
O resultado foi bacana e a gente aqui da redação ficou bem feliz no final, porque nossa matéria foi eleita como uma das melhores das edições de Men's Health do mundo naquele mês (Maio 2010), saindo inclusive na edição da África do Sul meses depois.