Sunday, December 5, 2010

O caminho inverso que nos inspira

Bem, há anos atrás, participei de um processo criativo da Contém1G. No final das contas, a vaga não apareceu pra nenhum dos candidatos, mas a vice-presidente na época havia curtido muito o meu resultado. Então resolvi dissecá-lo aqui.

A tarefa era escolher um produto e fazer um novo rótulo em 4 dias. Só isso.

O que chamou a atenção do pessoal da marca é que me envolvi tanto que acabei fazendo uma campanha com folhetaria e, ao apresentar o novo rótulo e uma solução para o ponto de venda, justifiquei até o porquê do nome do produto - que já existia, mas era somente um número (o que, convenhamos, não é a coisa mais bacana de se memorizar).

A empresa se dedicava na época a fazer fragrâncias inspiradas em perfumes importados e por isso o lance de batizar seus produtos apenas com números. Mas olhando o catálogo, descobri qual rótulo mudar: me deparei com um que levava um grafismo de "ameba tipo bandana" (ao lado). Era o número 47. O que me chamou a atenção é que era talvez a única fragrância exclusiva - e por isso resolvi que seria esse o meu projeto.

Comprei o perfume. Era doce e feminino. Tinha boa fixação e de certa forma era marcante. Hum, e o que associar com ele? Número 47... como desenhar suas qualidades tão subjetivas, hein?

Fiz o caminho inverso: tentar explicar o número, para daí criar. Fui estudar a história da moda, já que queria beber da fonte de gente que cria peças exclusivas (sempre lembrando que eu tinha poucas horas para elaborar isso). E fui atrás do que aconteceu de impactante em 1947: descobri que naquela época Christian Dior lançou o New Look, uma coleção recheada de saias amplas e femininas - dando um chega-pra-lá no miserê de tecidos dos cinzas anos de guerra, que tinham acabado ha pouco. E foi essa estética que resolvi adotar

Ah, era isso que eu precisava: Glamour! 47 era um perfume doce e exclusivo, assim como a cintura e as saias godê-guarda chuva de Dior! E o nosso perfume 47 merecia uma cor rosada, puxada a uma fruta madura, já que era floral/frutal.
Para brincar com o rótulo, criei um que é impresso na parte interna, para causar um efeito gráfico que diferenciaria o número 47.

Abaixo, alguns aspectos técnicos - a caixa, por exemplo, cria um grafismo na prateleira da loja, veja:
Também resolvi trocar a tampa do vidro (coisa que não haviam pedido, mas achei pertinente, porque queria indicar um caminho de mudança, mas sem impactar tanto no custo de produção).
Olha, foi um projetinho desafiador pra mim e em tempo recorde. Hoje vendo, claro que melhoraria... já fazem mais de 7 anos. E o resultado impressionou ao pessoal da empresa, porque me pediram apenas um novo rótulo e eu entreguei um novo conceito  - o de exclusividade (que valorizaria inclusive a marca mãe, que na época era sinônimo de fragrância econômica) junto com uma ação promocional.

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4 comments:

  1. Excelente!
    Seu trabalho ficou lindo demais!
    É o resultado de talento+estudar+paixão, não poderia ser diferente.

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  2. Vivi... não consigo nem pensar em um elogio à altura!

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  3. Poxa meninos, valeu. Achei até que o texto precisava diminuir um pouco, mas isso eu vou exercitando aos poucos, não é?

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  4. Ah, sobre diminuir o texto...nada a ver, Vivi, o texto está tranquilo de ler e tem coisas que são mais legais de se conhecer quando vc contextualiza bem.
    Não entendo nada de design nem áreas afins, mas o resultado me parece legal; se me falassem que esse era o rótulo oficial do produto, eu acreditaria rsrsrs.

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